sábado, 5 de setembro de 2020

A Aristocracia Monárquica.



Na luta pela sobrevivência os homens sempre usaram  de todos os recursos,  desde a força bruta até o mais desonesto jogo político. Nos primórdios, na disputa pelo poder, prevalecia  a lei do mais forte. A violência era uma constante e castigava a maioria - os fisicamente  mais fracos. Estes como reação , pelo uso  da inteligência, desenvolveram  como alternativa o  estado de direito, uma ordenação de princípios morais que pacificou  a convivência social.

Os ingleses, os mais bem sucedidos  colonizadores da história, administraram as  suas colônias  sob a ética do estado de direito e um  pequeno contigente de servidores. Uma  estrutura simples, um governo mínimo, mas suficiente para manter  submissa uma população imensa. A autoridade  emanava das leis,  da ordem, do respeito às tradições e ao direito à  sobrevivência.  Live and let  live , mais do que um slogan era um princípio ético. A força militar era um instrumento de dissuasão e de  reação à violência . Ainda hoje, como reminiscência , uma prova de tolerância ao contraditório, pode-se assistir nos parques londrinos os protestos contra o governo, que não só são permitidos como são protegidos pela polícia. 

Mahatma Gandhi libertou a Índia dos ingleses sem afrontar o estado de direito . Não provocou o exército britânico, que, em não havendo violência, por coerência não podia  tomar a iniciativa do uso das armas. Desafiou os dominadores com a legitimidade do anseio público à autodeterminação e à independência,  conseguindo com  civilidade que o direito prevalecesse sobre a força. Independência que os norte-americanos conseguiram pela força.

O Brasil , de há  muito,  também de forma pacífica, adotou teoricamente  a democracia republicana como regime político. Na prática, entretanto, o sonhado  ideal do governo do povo para o povo e pelo povo* , foi deturpado. Se somos uma democracia ( do povo ), pois na escolha dos governantes temos todos  os mesmos direitos, - cada cidadão é um voto, não somos  uma república ( para o povo ) tendo em conta que, como nas monarquias, estamos   divididos em duas classes: 
  • uma  oligarquia constituída  pela aristocracia e seus agregados, usufruindo de  regalias, cartórios e privilégios, à serviço de si mesma e não do povo que paga as contas, cujo poder  é exercido em nome de um populismo barato e não da ética - como os colonizadores ingleses. 
  • e uma massa de súditos , que é explorada e coercitivamente tolhida na sua liberdade, e aos quais ficam as migalhas da riqueza nacional, cujo resultado é  a indesejável desigualdade econômica e social. 

Entretempos, ficamos à espera de um Ghandi, que ( pelo povo )  restabeleça  a república, derrubando  a aristocracia monárquica que live but do not let live**. 

  • Discurso de Pettysburg , Abraham Lincoln 
          **. Vive mas não deixa viver.

As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob        
05 de setembro de 2020.

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