A Aristocracia Monárquica.
Na luta pela sobrevivência os homens sempre usaram de todos os recursos, desde a força bruta até o mais desonesto jogo político. Nos primórdios, na disputa pelo poder, prevalecia a lei do mais forte. A violência era uma constante e castigava a maioria - os fisicamente mais fracos. Estes como reação , pelo uso da inteligência, desenvolveram como alternativa o estado de direito, uma ordenação de princípios morais que pacificou a convivência social.
Os ingleses, os mais bem sucedidos colonizadores da história, administraram as suas colônias sob a ética do estado de direito e um pequeno contigente de servidores. Uma estrutura simples, um governo mínimo, mas suficiente para manter submissa uma população imensa. A autoridade emanava das leis, da ordem, do respeito às tradições e ao direito à sobrevivência. Live and let live , mais do que um slogan era um princípio ético. A força militar era um instrumento de dissuasão e de reação à violência . Ainda hoje, como reminiscência , uma prova de tolerância ao contraditório, pode-se assistir nos parques londrinos os protestos contra o governo, que não só são permitidos como são protegidos pela polícia.
Mahatma Gandhi libertou a Índia dos ingleses sem afrontar o estado de direito . Não provocou o exército britânico, que, em não havendo violência, por coerência não podia tomar a iniciativa do uso das armas. Desafiou os dominadores com a legitimidade do anseio público à autodeterminação e à independência, conseguindo com civilidade que o direito prevalecesse sobre a força. Independência que os norte-americanos conseguiram pela força.
O Brasil , de há muito, também de forma pacífica, adotou teoricamente a democracia republicana como regime político. Na prática, entretanto, o sonhado ideal do governo do povo para o povo e pelo povo* , foi deturpado. Se somos uma democracia ( do povo ), pois na escolha dos governantes temos todos os mesmos direitos, - cada cidadão é um voto, não somos uma república ( para o povo ) tendo em conta que, como nas monarquias, estamos divididos em duas classes:
- uma oligarquia constituída pela aristocracia e seus agregados, usufruindo de regalias, cartórios e privilégios, à serviço de si mesma e não do povo que paga as contas, cujo poder é exercido em nome de um populismo barato e não da ética - como os colonizadores ingleses.
- e uma massa de súditos , que é explorada e coercitivamente tolhida na sua liberdade, e aos quais ficam as migalhas da riqueza nacional, cujo resultado é a indesejável desigualdade econômica e social.
Entretempos, ficamos à espera de um Ghandi, que ( pelo povo ) restabeleça a república, derrubando a aristocracia monárquica que live but do not let live**.
- Discurso de Pettysburg , Abraham Lincoln
**. Vive mas não deixa viver.
As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
05 de setembro de 2020.
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