domingo, 26 de maio de 2024

 Cidadãos  de segunda classe.


Como dizia o filósofo  inglês Herbert Spencer "A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro", ou seja, a pessoa tem liberdade de fazer o que quiser da própria vida e até  opinar na vida do outro indivíduo, desde que tenha o respeito. Não exercer este direito é classificar-se como cidadão de segunda classe.


As leis existem para defesa do direito à  liberdade de cada um. Ela deve nos defender do possível abuso dos governos e dos outros cidadãos. 


Temos necessidade de ter leis. São elas que nos asseguram o direito à propriedade e à   própria existência. Só em um estado juridicamente organizado e regido de acordo com as leis a segurança  individual está assegurada.


É o governo que determina quem   pode dirigir carros ou pilotar aviões por ser a prática destas ações uma ameaça  a terceiros. Um profissional liberal, médico por exemplo, deve possuir um atestado de capacitação para evitar que trapaceiros prejudiquem pessoas desinformadas.


Entretanto, os governos vão além e ferem a liberdade individual ao exigir receita médica para venda de medicamentos. Um medicamento contra indicado só afeta o próprio consumidor e ninguém mais. Por que então submeter o cidadão a ter que “ comprar “ de um médico uma prescrição ?


Essa é uma exigência, como tantas outras, que embutem ônus desnecessários. Serve bem para justificar a existência de empregos nos órgãos controladores e dar um poder aos médicos, que fidelizam o cliente. Em contrapartida burocratiza a vida do cidadão  comum. É um desrespeito a   liberdade do indivíduo.


Se houvesse uma limpeza de todas as desnecessárias restrições existentes, a vida seria mais fácil e menos onerosa. Infelizmente, é da natureza humana impor pontos de vista  autoritários . O burocrata não dá um voto de confiança  na capacidade de discernimento dos indivíduos. Somos todos tratados como imbecis por governantes  que pretendem reformar o mundo.


Há , porém, um território a merecer controle . Só aqueles que protegem terceiros.Podemos  discutir a existência de algum tipo de controle nos casos dos traficantes de  drogas, de vendedores de  armas de fogo e de líderes de partidos  racistas. Mas deveriam focar os traficantes, os bandidos e os partidos políticos, por serem propagadores do mal e não os seus usuários.


O governo é um mal necessário, portanto, deve ser limitado. O bom governo é o que menos governa. É aquele que se atem ao estritamente necessário . Este é aquele que respeita a maturidade do cidadão . É o que se preocupa com a sua dignidade. 


Um indivíduo consciente, ao se deparar com as inúmeras regras que condicionam o dia a dia das suas vidas, tem a exata sensação de ser tratado como um idiota. O que o governo tem a ver com os remédios que acredito que fazem bem para querer  controlá-los ? O que tem a ver se eu me sinto seguro tendo uma arma de fogo para defender-me? O que o governo tem a ver com os meus preconceitos se não discrimino ninguém ?


Se um indivíduo pode escolher com o seu voto os governantes do país, ele deve poder decidir o que é melhor para a sua vida desde que não prejudique os outros. 


Nas eleições que os cidadãos se auto classificam. Os que necessitam da tutela do governo (os cidadãos de segunda classe )  e os homens livres ( a elite ). Votar em propostas intervencionistas em nossa conduta sócio-econômica é  autodefinir-se como cidadão de segunda classe. A elite repudia a tutela governamental.


São Paulo, 13 de maio de 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob




domingo, 19 de maio de 2024

 Crê ou morre.


Nós, os agnósticos,  somos absolutamente descrentes de todas as religiões. Todas são frutos de líderes habilidosos em seduzir as massas. E são todas cópias adaptadas às suas circunstâncias. Os que conhecem as suas histórias sabem de suas semelhanças: a mãe de Buda era virgem e ascendeu aos céus ,como a Virgem Maria, segundo  Michelet na sua obra A Bíblia da Humanidade . Os paramentos da igreja católica são em tudo cópia dos usados pelos  rabinos. Uma religião aproveita-se das narrativas das outras, sem cerimônia. Como na China: “nada se cria…tudo se copia”.


As religiões, ainda que se intitulam de criação divina, não passam de empresas humanas. Portanto carregam  no seu seio o gérmen da imperfeição . Não existe perfeição nas coisas criadas e administradas pelos homens. Somos seres limitados por natureza.


O tempo joga a favor das religiões. As massas não tem memória. Leem pouco e dão pouco valor à história . Um

líder religioso, que cria uma nova seita, em séculos à frente será endeusado

 como sao Buda, Jesus e Maomé. É só questão de tempo.


Em uma visão panorâmica , Moisés fez a primeira grande reforma ao libertar os judeus do paganismo; Cristo fez a segunda  ao apresentar-se  como filho de Deus; Lutero livrou os católicos da corrupção do Vaticano.


A igreja católica, a mais marcada por escândalos em sua longa história, consegue sobreviver apesar de escravista, das guerras de conquistas, da inquisição e da pedofilia. Os seus adeptos relevam como sendo  estas falhas humanas, mas não da instituição. Argumento que poderia ser aceito se não fossem crimes praticados de forma institucionalizada. Como justificar séculos de exploração de escravos, milhares de vítimas de padres pedófilos e acumulação de um

Patrimônio econômico, que a situa entre as mais ricas empresas do mundo?


Nós,  os agnósticos,  temos a obrigação de alertar os crentes do grande engodo que são as religiões. Elas não passam de empreendimento comercial a atender interesses privados. Beneficiam-se  para justificar-se do medo da morte. Elas exploram os fracos que necessitam de um apoio psicológico para suportar as injustiças deste mundo. Napoleão Bonaparte , sobre as religiões, as considerava importantes para dar uma satisfação a um faminto frente um semelhante arrotando por ter comido demais. Para ele as religiões prestavam -se como ideologia de dominação das massas.



Jesus Cristo deveria ser analfabeto, pois não deixou uma linha escrita. Todas as suas pregações foram reproduzidas por alguns apóstolos . O que permite duvidar da precisão e até da veracidade. Ademais a Bíblia é considerada como tendo sido obra de   algo como 1.500 escritores ao longo do tempo. A começar pelos 10 mandamentos, que Moisés diz ter recebido diretamente de Deus no Monte Sinai. 


Os ateus são categóricos — não acreditam em Deus. Nós, os agnósticos , não somos tão definidos. Temos dúvidas na Sua existência; pois não conseguimos provar não existir um  Deus. Em não tendo razões para desacreditar, mantemo-nos em dúvida .  Não temos  fé ( negação da racionalidade )  que dê sustentação para essa crença. Nem o “crê ou morre” dos fanáticos muçulmanos nos livraria da dúvida da  existência de um ser divino, o que explicaria a ordem das coisas deste mundo. 


Sao Paulo, 13 de Novembro de 2023

Jorge Wilson Simeira Jacob









domingo, 12 de maio de 2024

 


Homem comum


Posso estar enganado, mas todos os leitores frente a um novo livro procuram a última página para saber o tamanho do desafio. Pelo menos eu tenho este hábito . Livros com textos acima de trezentas páginas exigem uma boa motivação ( interesse ) para serem lidos. Já os pequemos tomos de menos de duzentas páginas são mais atraentes. Há os que acreditam que se o autor não foi capaz de transmitir a sua mensagem sinteticamente não o fará prolixamente. Uns, que gostam de textos prolixos , proustianos, — diga-se de passagem, uma minoria — deliciam-se nos grandes textos. Outros   adoram  grandes tomos  ricos em figuras de linguagem e enredo .


 Philip Roth, no seu sintético livro Homem Comum, ( Cia. das Letras, Amazon R$ 36,16 , Everyman no original ) nas suas 119 páginas conta com competência a pequena história do seu personagem na luta pela imortalidade. É um livro para leitores de pouco fôlego ou que queiram preencher um pequeno espaço de tempo. O autor satisfaz estes desejos muito bem. 


Reconhecido como grande escritor, venceu   o Prêmio Pulitzer por Pastoral Americana seu  titulo premiado.Foi, em inúmeras vezes , colocado entre os mais lidos autores nos Estados Unidos. Este texto,  de leitura  leve, sem grandes elucubrações filosóficas   merece ser lido. Ainda  que dedicado a entender a vida, que é complexa, pode  ser visto  de um só gole. Não ha muito sobre   o que pensar. 


Philip Milton Roth foi um romancista norte-americano, considerado não apenas um dos mais importantes romancistas judeus de língua inglesa, mas também, segundo o crítico Harold Bloom, o maior contador de histórias americano depois de Faulkner.


 Neste livro, o personagem principal, sem nome propositalmente,confrontava a sua fragilidade física com o saudável Howe, seu irmão. Profissionalmente bem sucedido em um agência de publicidade, ele não deixava de ter uma vida sexual paralela. Casou-se três vezes, além de outras aventuras extraconjugais, descritas com certa dose de moderado erotismo.


Este  pequeno romance trata de temas centrais da existência humana tais como morte, velhice, desejos, arrependimentos e doenças. O autor conta a história do protagonista,  através de suas doenças da infância à sua velhice, como um confronto permanente do homem com sua mortalidade só terminando com o triunfo da morte, ela que "avassala tudo" por onde passa.


São Paulo, 30 de abril de 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob