sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

 A EDUCAÇÃO 



Todos nós temos, ao longo da vida, crises de  timidez. Ninguém passa ileso. Na puberdade,  principalmente , ela aflora . A insegurança está na sua causa. Podemos nos intimidar, esta é a origem do termo, frente á situações desconhecidas, como também naquelas em que estamos familiarizados,  mas sentimo-nos inseguros. Ainda que habituados, não estamos livres dela se  uma sensação de inferioridade nos inibe. O tímido usa do  silêncio ou da fuga, como defesa, para não expor o que acredita ser uma sua fraqueza.


Existem dois tipos principais de timidez, de acordo com a psicologia: a timidez crônica e a timidez situacional. Timidez crônica é caracterizada por ser um quadro constante, no qual a pessoa apresenta dificuldade em expressar suas emoções e opiniões em praticamente todos os aspectos da vida social e profissional.O único recurso para superar esta timidez é enfrenta-la. Fugir só reforça o sentimento. O que exige características de personalidade e inteligência capazes de se livrar das pressões externas.


A timidez situacional é a superada com a repetição da mesma situação. Só se manifesta em determinada circunstância , por isto classificada como situacional . Na medida em que o indivíduo supera o constrangimento, a timidez deixa de existir. 


A timidez tem a ver com a educação, que afeta mais ou menos as pessoas dependendo da suas características de personalidade. Há temperamentos mais ou menos sensíveis às críticas e restrições. São os pais  muito exigentes, críticos de todas as possíveis falhas dos filhos que os criam inseguros , tendendo à timidez.


Essa reação  apresentar-se-á sempre que o indivíduo — criança ou adulto —  é colocado em posições passíveis de críticas. Falar em público, estar em uma reunião com desconhecidos … entre outras formas de exposição, são fatores desencadeadores da timidez.


A puberdade é a fase em que mais sofre o tímido. Este limiar entre ser criança ou adulto,  com o acréscimo da autocrítica tornam o púbere mais frágil. A timidez cobra preço elevado, pois inibe as ações das suas vítimas. Ela pode prejudicar  as relações sociais, profissionais e amorosas… enfim a  vida.

Para o bem dos indivíduos, a  educação restritiva deve ser evitada. O que não é fácil , pois o desejo de pais bem intencionados  é criar um “ser perfeito”. E quanto mais querem corrigir os desvios dos filhos, principalmente alguma característica que não aprovam em si mesmos, mais críticos se tornam. Quanto mais projetam em si mesmos  “erros”  dos filhos; quanto mais procuram ver nos filhos/as  aquelas qualidades que gostariam de ter e não tem,  mais rigorosos são . 



A contrapartida a uma educação restritiva é a  licenciosidade. São os casos de  pais omissos que criam os filhos “soltos” — onde tudo é permitido e nada é censurado. O resultado sao indivíduos egocêntricos,  desrespeitosos, que comportam-se como  centro do mundo e “merecedores” de todas as atenções.


O processo de educação é como uma corrente: um elo puxa o outro. Segue de geração a geração. Os educados em um dos regimes — restritivo ou licencioso — tendem a reproduzir  os mesmos métodos nos seu processo educativo, Dificilmente  um filho de pais  autoritários deixará de ser um autoritário.  Como também nunca um indivíduo criado de pais liberais deixará de valorizar a liberdade. 


O ideal da formação do  ser humano é a busca da autonomia. Segundo Kant (1724-1804) :   “autonomia  é a capacidade da vontade humana de se autodeterminar segundo uma legislação moral por ela mesma estabelecida, livre de qualquer fator estranho ou exógeno com uma influência subjugante, tal como uma paixão ou uma inclinação afetiva incoercível, consciente da sua individualidade”.


A educação, de forma geral, é mais  restritiva no mundo em geral   em relação a dos países anglo-saxônios. A diferença fundamental está na crença na liberdade individual. O individualismo está na base dessas culturas. Se enunciar as duas correntes de comportamento pode ser fácil , podendo até ter as suas técnicas, a correta medida entre a liberdade e a licenciosidade  é uma arte. Difícil, portanto, estabelecer as dosagens. Seria como na pintura ou na musica, em que se  pode transmitir uma técnica, mas nunca a arte.


Felizmente, a natureza nos proveu da : - inteligência para superar as barreiras que nos incomodam; -  e do sentimento do amor, que compensa os nossos erros como educadores. Diz bem a sabedoria popular: - amor com amor se paga. 


A educação : o que é feito com amor com amor é avaliado.




São Paulo, 21 de novembro de 2022.

Jorge Wilson Simeira Jacob

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