sexta-feira, 29 de julho de 2022

 Será o fim do mundo?



Em uma palestra, Larri Passos, famoso treinador do ainda  mais famoso tenista brasileiro, Guga, dizia que faltava aos jovens esportistas brasileiros resiliência. Exemplificava  ele, que dos seus três melhores alunos, o Guga era o mais fraco. Perdia todos os torneios enquanto os outros eram expoentes no tênis local. Acostumados a ganhar, quando foram submetidos aos torneios profissionais, não suportaram  a pressão e, após algumas derrotas, desistiram  de competir. Menos Guga, que treinado em fracassos, manteve-se disputando. E foi o que foi - número um do mundo. Guga foi mais uma prova de que o que faz o órgão é a função, como ensina a biologia. O que não se usa, atrofia. Assim também a personalidade!


Guga é uma excessão de uma atitude que está generalizando-se entre a nossa juventude. A falta de determinação de lutar por um objetivo. Prevalece na nova geração um  desinteresse por tudo - exceto os joguinhos no celular. Fazem as obrigações contrariados e não demonstram ambição de realização humana e profissional. Até nome eles já têm, os  “nem-nem”. Nem estudam e nem trabalham. Estão de braços cruzados como simples espectadores das benesses que talvez venham da família,  do governo ou do céu. São adultos que acreditam em Papai Noel. Não se sentem responsáveis nem por si mesmos , nem pela família e menos ainda pelo futuro do mundo. Alienados, cedem espaço para os robôs - a prole da inteligência artificial, que vai eliminá-los do mercado de trabalho.


Ainda que seja um truísmo, é pertinente lembrar que o futuro do país está nas mãos dos jovens, o que se torna motivo de preocupação. Eles não mostram interesse em tirar o título de eleitor enquanto não é obrigatório. Um analista mais apressado pode atribuir esta decisão à decepção com os nossos governantes. Um elemento a ser considerado levando-se em conta a biografia da maioria dos nossos políticos. 


Ainda que se tenha que considerar ser essa uma frustração, não só dos jovens, mas de toda a nação, não é razão para justificar a generalizada  apatia juvenil. Uma razão mais profunda deve ser investigada. Talvez Larry tenha a resposta. Os nossos cidadãos-atletas  não tiveram o aprendizado nas derrotas , que deram resiliência ao Guga. A nova geração da classe média e superior foi acostumada a colher sem plantar. O que lhes é mostrado nos  meios de comunicação é automóvel sem motorista, comunicação on time e gratuita, robôs para serviços rotineiros e inteligentes para substituir o cérebro humano, entregas de alimentos, ao toque de um  telefonema, sexo sem restrições …não  esquecendo do Viagra, que substitui a inapetência. Tudo fácil! Tudo à mão! Lutar para quê?




O mundo realmente mudou. Não sabemos para aonde vai nos levar. Mas uma verdade continua absoluta: o que faz o órgão é a função. Aquilo que não é exercitado atrofia-se. E isto está acontecendo com os nossos jovens. São poucos os desafios que têm que enfrentar. A lei do menor esforço impera. Não lêem. Não escrevem. Não encaram os interlocutores. Comunicam-se com siglas. Em uma linguagem primitiva, que lembra os índios do cinema de faroeste.


Enquanto os melhores alunos do Larri desistiram de competir, os jovens da classe média desistem de lutar pela vida. Ou mesmo da própria existência. O absenteísmo e a depressão estão nos mais altos níveis da história dos consultórios dos psicólogos. Não é raro um adolescente não ter a mínima preocupação com a escolha de uma profissão. 


Colocar um problema é o primeiro passo; equacionar para encaminhar uma solução, outro. Este equacionamento passa por chamar 

à responsabilidade os pais e os educadores. Sabemos não ser fácil cortar o celular de um filho. Razões para não fazê-lo são muitas: necessidade de comunicação, pertencimento à tribo, segurança… Enquanto que estabelecer limites e controles , é exasperante, pois a resistência de um adolescente é feroz. 


Neste mundo de facilidades as  colheitas serão de  dificuldades. Deixando  como está, nos resta aceitar a atual realidade e não se deixar levar pela surpresa de que os jovens não mostram interesse em votar, em estudar, em trabalhar e até em casar.

Será o fim do mundo…pelo menos como o conhecemos?



São Paulo, 14. 03. 22

Jorge Wilson Simeira Jacob



Em uma palestra Larry Passos, famoso treinador do ainda  mais famoso tenista brasileiro, Guga, dizia que faltava aos jovens esportistas brasileiros resiliência. Exemplificava  ele, que dos seus três melhores alunos, o Guga era o mais fraco. Perdia todos os torneios enquanto os outros eram expoentes no tênis local. Acostumados a ganhar, quando foram submetidos aos torneios profissionais, não suportaram  a pressão e, após algumas derrotas, desistiram  de competir. Menos Guga, que treinado em fracassos, manteve-se disputando. E foi o que foi - número um do mundo. Guga foi mais uma prova de que o que faz o órgão é a função, como ensina a biologia. O que não se usa, atrofia. Assim também a personalidade!


Guga é uma excessão de uma atitude que está generalizando-se entre a nossa juventude. A falta de determinação de lutar por um objetivo. Prevalece na nova geração um  desinteresse por tudo - exceto os joguinhos no celular. Fazem as obrigações contrariados e não demonstram ambição de realização humana e profissional. Até nome eles já têm, os  “nem-nem”. Nem estudam e nem trabalham. Estão de braços cruzados como simples espectadores das benesses que talvez venham da família,  do governo ou do céu. São adultos que acreditam em Papai Noel. Não se sentem responsáveis nem por si mesmos , nem pela família e menos ainda pelo futuro do mundo. Alienados, cedem espaço para os robôs - a prole da inteligência artificial, que vai eliminá-los do mercado de trabalho.


Ainda que seja um truísmo, é pertinente lembrar que o futuro do país está nas mãos dos jovens, o que se torna motivo de preocupação. Eles não mostram interesse em tirar o título de eleitor enquanto não é obrigatório. Um analista mais apressado pode atribuir esta decisão à decepção com os nossos governantes. Um elemento a ser considerado levando-se em conta a biografia da maioria dos nossos políticos. 


Ainda que se tenha que considerar ser essa uma frustração, não só dos jovens, mas de toda a nação, não é razão para justificar a generalizada  apatia juvenil. Uma razão mais profunda deve ser investigada. Talvez Larry tenha a resposta. Os nossos cidadãos-atletas  não tiveram o aprendizado nas derrotas , que deram resiliência ao Guga. A nova geração da classe média e superior foi acostumada a colher sem plantar. O que lhes é mostrado nos  meios de comunicação é automóvel sem motorista, comunicação on time e gratuita, robôs para serviços rotineiros e inteligentes para substituir o cérebro humano, entregas de alimentos, ao toque de um  telefonema, sexo sem restrições …não  esquecendo do Viagra, que substitui a inapetência. Tudo fácil! Tudo à mão! Lutar para quê?




O mundo realmente mudou. Não sabemos para aonde vai nos levar. Mas uma verdade continua absoluta: o que faz o órgão é a função. Aquilo que não é exercitado atrofia-se. E isto está acontecendo com os nossos jovens. São poucos os desafios que têm que enfrentar. A lei do menor esforço impera. Não lêem. Não escrevem. Não encaram os interlocutores. Comunicam-se com siglas. Em uma linguagem primitiva, que lembra os índios do cinema de faroeste.


Enquanto os melhores alunos do Larry desistiram de competir, os jovens da classe média desistem de lutar pela vida. Ou mesmo da própria existência. O absenteísmo e a depressão estão nos mais altos níveis da história dos consultórios dos psicólogos. Não é raro um adolescente não ter a mínima preocupação com a escolha de uma profissão. 


Colocar um problema é o primeiro passo; equacionar para encaminhar uma solução, outro. Este equacionamento passa por chamar 

à responsabilidade os pais e os educadores. Sabemos não ser fácil cortar o celular de um filho. Razões para não fazê-lo são muitas: necessidade de comunicação, pertencimento à tribo, segurança… Enquanto que estabelecer limites e controles , é exasperante, pois a resistência de um adolescente é feroz. 


Neste mundo de facilidades as  colheitas serão de  dificuldades. Deixando  como está, nos resta aceitar a atual realidade e não se deixar levar pela surpresa de que os jovens não mostram interesse em votar, em estudar, em trabalhar e até em casar.

Será o fim do mundo…pelo menos como o conhecemos?


Jorge Wilson Simeira Jacob


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