quinta-feira, 31 de outubro de 2024

 





A mal-dita injustiça social.



Não sei de onde tirei a ideia de que rir é uma forma de chorar. Dizem que ambas movem os mesmos músculos. Elas são similares como demonstração de um sentimento. O que permitiria, como costumamos dizer, “chorar de tanto rir”. Fato este que  acontece, por exemplo, quando vejo os defensores da pretendida “ justiça social” morrendo de inveja dos bem sucedidos na vida.


Inveja que se manifesta nas suas infundadas  críticas às causas da  lamentável e gritante  desigualdade social. Reação que só pode ter fundamento no desconhecimento real  das suas  causas. 


A fim de elucidar, olhemos os gráficos  abaixo, eles retratam com eloquência a realidade brasileira. São dados para  rir de tanto chorar. Neles estão estampadas as razões da nossa  mal-dita injustiça social.


É um registro que mostra  os desacertos do crescente socialismo da nossa administração pública.


 O nosso empobrecimento nos últimos decênios e a consequente desigualdade socioeconômica, são deveras desoladoras. Dá  pena do nosso Brasil. 


Acho que até os socialistas ( os honestos, evidentemente) ficarão envergonhados ao tomar conhecimento das consequências das suas ideias equivocadas.


Nem eles, que transformaram a inveja, um dos sete capitais, na virtuosa “justiça social", como bem definiu Thomas Sowell, terão coragem de repetir os conhecidos chavões críticos “daselites”.


É irrefutável que a verdadeira razão das nossas mazelas, não é a ganância dos ricos, dos empresários e dos bem sucedidos. A falácia socialista é desmascarada diante dos   olhos de quem vê  na desumana nomenclatura que explora o pais, estampada nesses gráficos.


Se há razão para inveja,  ela deveria voltar-se contra  aqueles que mamam nas tetas do governo e não contra os que criam empregos. São eles, os beneficiários da nomenclatura, que ,em defesa dos seus interesses mesquinhos, são contra a privatização, a desburocratização, o equilíbrio do orçamento, a segurança jurídica e o combate ao crime.


A ganância dos membros da  nomenclatura é igual à de todos os  que detém qualquer tipo de  poder. Tenha visto a maneira como   defendem com unhas e dentes o seu bocado.


A exemplo da falida União Soviética, nós nos dividimos em duas classes: a nomenclatura ( o governo e os seus parasitas, os incluídos ) e o povo ( trabalhadores, os excluídos do poder ). Como lá, cá também esta é a desigualdade que deve ser diminuída. Lá ela caiu com a revolta das suas vítimas. Aqui também chegará o dia que as vítimas dirão um não a essa mal-dita injustiça social eliminando a nomenclatura.



Olhem os gráficos abaixo com olhos de quem quer ver para identificar  e entenda as razões dos liberais defenderem o “ estado minimo ”.


Sao Paulo, 20 de outubro fe 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob

 







  


 


 

 






































 






quarta-feira, 30 de outubro de 2024

 O mercado não valida monopólios perenes


A soberba é um pecado  severamente punido pelo mercado. Este pecado induz à arrogância  que tem sido cometido pelos Estados Unidos no uso do seu poder econômico e financeiro. Se até agora tudo parecia estar no melhor dos mundos, a recente declaração do candidato Trump à presidência do seu país mostra que a “ ficha caiu”.


Trump, em recente palestra em Chicago, diante da queda do volume das  reservas internacionais, fruto da reação dos países de procurarem alternativa ao dólar, vociferou que punirá aqueles que abandonarem o dólar como moeda de troca e de reserva. Ameaça ele tributar em 100% as importações americanas oriunda dessas origens. 


Segundo ele, esses países terão que se curvar à força. Esta é uma demonstração de que, se antes, o dólar era uma opção conveniente, agora passará a ser uma pílula a ser engolida  a seco. Nesta coluna do Jornal Opção, em 14 de julho de 2024,o meu  texto nomeado como God Save the Dollar, alertava do risco que corria o dólar. Só não previa que os Estados Unidos sentissem o custo dos seus abusos tão cedo.


Alguns fatores explicam as razões para o temor do ex-presidente Trump: 


 - o fim do acordo do Petrodólar ( Arábia Saudita contratou há cinquenta anos a só negociar o seu petróleo em dólar); 


 - o bloqueio das contas da Rússia como pressão à guerra da Ucrânia;


 - o crescente endividamento do Tesouro Americano, que ameaça a paridade do dólar, colocando em dúvida a sua confiabilidade;


 - o potencial conflito com a China que a fez trocar as suas reservas em dólar por ouro;


 - e, o Fatec, que na linha de “ seguir o dinheiro “ policiou todas as transações financeiras do mundo em combate ao terrorismo e evasão de divisas. Interferindo na soberania de países, que  como paraísos fiscais, serviam a indústria financeira internacional;


Assim como na física, na economia também as ações provocam reações de igual magnitude e intensidade. Todos as nações afetados,  direta ou indiretamente por   bloqueios das suas reservas, um abuso na administração do dólar, reagiram buscando alternativas. O que criou oportunidade para a China, hoje a maior economia do mundo, promover a sua moeda como alternativa ao dólar.


A soberba americana os levou a subestimar as reações ao uso e abuso do dólar como instrumento político. A  moeda está sendo usada  como arma de guerra. Enquanto havia a hegemonia do dólar, não havendo alternativas, o mundo engoliu  as suas imposições. Com o advento da China, ameaçando o poderio ímpar dos Estados Unidos na economia e nas finanças, chegou a hora de acordar.


 O dólar representava 85% das reservas globais em 1970, proporção que caiu para 58% hoje, de acordo com o FMI. O euro representa 20%, contra um volume ainda insignificante das demais moedas. Trump promete punir quem abandonar o dolar (https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2024/10/16). Um grande equívoco. A decisão correta seria restabelecer a neutralidade do dólar. Deixar de ser arma política e alavancagem dos déficits públicos do país para reconquistar a preferência do mercado.


Mas, ao invés de ouvir a regra do mercado, pelo menos  o candidato,  Trump adota uma postura intervencionista, de força, que vai bater contra as regra de mercado, que por dinamismo natural, não valida monopólios perenes — o mercado é como se diz da justiça: tarda mas não falha. É questão de tempo para o dólar ter que arregaçar  as mangas e competir  pela preferência do mercado. Está à vista o fim do dólar como instrumento de poder dos Estados Unidos.


São Paulo, 16 de outubro de 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob









sábado, 26 de outubro de 2024

 Laissez - faire


Colbert, poderoso ministro do rei Luiz XIV da França, no século XVII,  interessado no desenvolvimento econômico, reuniu os mais importantes empresários do país e lhes propôs ajuda: “ o que eu posso fazer para ajudá-los?”. Legende, um comerciante, teria dito: “laissez faire, laissez aller, laissez passer, le monde va de lui-même”, que é traduzida para “deixai fazer, deixai ir, deixai passar, o mundo vai por si mesmo”. A expressão também é conhecida na forma grafada com hífen (laissez-faire).


O dito do empresário  Legende  em poucas palavras, consubstancia uma teoria econômica, que propõe uma diminuição da interferência política. Assim, restringe-se também a atuação do Estado na economia. Caberia ao poder público apenas a fiscalização e regulamentação.


Foi Adam Smith,  o mais importante teórico do liberalismo econômico, que teorizando sobre “ a mão invisível” afirmou :  "não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu "auto-interesse".  Assim acreditava que a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma intervenção governamental. A competição livre entre os diversos fornecedores levaria não só à queda do preço das mercadorias, mas também a constantes inovações tecnológicas, no afã de baratear o custo de produção e vencer os competidores”. Laissez-faire, disse ele!


Laissez-faire passou a ser uma  chamada à ordem dos adeptos da economia de mercado. É a  ação individual que propicia o melhor para todos. A contrapartida, a crença de ser o governo o indutor do desenvolvimento só tem acumulado fracassos. Os governos são o retrato no espelho do fracasso empresarial. 


Infelizmente o Brasil não aprende com os erros. Os nossos governos acreditam que,  substituindo a “ mão invisível” pela do governo, estão tirando o país da miséria e da péssima distribuição de renda. 


Uma lista dos empreendimentos governamentais fracassados — se somados —  certamente causariam espanto. São refinarias no Rio de Janeiro e em Recife, é a fracassada “ brincadeira “ de produzir sondas e navios ( Sette Brasil ) , é a aventura com o monopólio da informática para produzir computadores ( Cobra ) … e por aí se foram bilhões de dólares de prejuízo. Sem esquecer o fracasso à proteção da indústria nacional e a zona Franca de Manaus — que depois de décadas só servem para onerar o consumidor nacional.


A China tornou-se um exemplo vivo por ter vivido, em menos de um século,  as duas situações. Sob o regime comunista ( estado empresário ) só gerou miséria e sofrimento à sua população. Com parcial liberação da economia ( laissez-faire ), em três décadas coloca o país como a maior economia do mundo. Além de poder ostentar o título de ser o país que mais cidadãos tirou da miséria. A mão invisível fez rica uma nação que a mão do governo tinha feito pobre e injusta. 


Quem não aprende com os erros está sujeito a repeti-los. É o que estamos insistindo em fazer no Brasil. O governo continua a acreditar ser o indutor do desenvolvimento — vem aí a indústria naval 2 ( a número 1  faliu com 20 bilhões de prejuízo) , como um exemplo. Melhor seria “ deixai fazer, deixai ir, deixai passar, o mundo vai por si mesmo” para vencermos uma estagnação da economia que comemora quatro décadas. 


São Paulo, 17 de julho de 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob


sexta-feira, 18 de outubro de 2024


 O Brasil está no caminho certo?


Segundo John Dewey ( 1859-1952 ) , filósofo e educador americano, na avaliação de uma situação,  o que deve ser levado em conta é a tendência. Se ela está melhorando, não importa quanto mal está …tudo está bem; se está piorando, não importa quanto bem está … tudo está mal.  Diz ele: nas análises, o que deve prevalecer é a tendência.


Com vista a essa lição filosófica de Dewey, pensando o cidadão brasileiro, devemos, tomar como ponto de partida os dados presentes, registrados no gráfico impresso, abaixo,  sobre o histórico da renda per capita de alguns países e acrescentar  a previsível continuidade das nossas práticas políticas para avaliar a  previsível  tendência .


O Brasil não aparece bem na foto. O  resultado é deprimente. Só a Venezuela — exemplo de um desastre de administração pública, destaque internacional  de atraso na gestão da economia — teve pior desempenho que nosso país. Até a desastrosa Argentina saiu-se melhor do que nós. Portanto, o ponto de partida não referenda as políticas adotadas para melhoria da renda per capita dos brasileiros ( RPC ).


Válido esclarecer a diferença entre a  RPC e o PIB. A RPC indica a situação econômica do universo em questão — os cidadãos . Difere  do produto interno bruto (PIB) que atenta para a riqueza da nação. São critérios distintos. A RPC diz respeito à situação dos indivíduos, que como mostra o gráfico, piorou, ainda que o PIB tenha crescido.


A RPC é o resultado do PIB dividido pela população. Se o primeiro cresce, como tem acontecido no Brasil, mas o aumento da população a supera, o resultado é queda da RPC. Em outras palavras, se o  bolo cresce, mas aumenta  a população, as fatias individuais diminuem. O que  significa empobrecimento, como mostra o gráfico abaixo. 


O Brasil ficou mais rico no último decénio, mas os brasileiros ficaram mais pobres no período. Andamos para trás. 


Qual a tendência?


Se os dados passados não refletem o futuro, como ensina o mercado financeiro, mas eles podem  ser uma tendência se não houver alterações nos fatos causais.


Uma foto do presente tendo em vista as estruturas políticas do Brasil e a governança previsível mostra que as causas do nosso subdesenvolvimento não serão alteradas de forma substancial para mudar a curva descendente da RPC. Os países que enriqueceram os seus cidadãos adotaram como política instituições confiáveis, incentivo à livre iniciativa, respeito à propriedade privada e valorização do mérito, que provaram ser a razão do enriquecimento  das nações. Elas não dão mostras que serão implementados na administração do país em horizonte previsível.


Ao contrário, o atual populismo acrescenta distorções na economia em escala peronista: há bolsa para tudo. O intervencionismo, a insegurança jurídica e sobretudo a corrupção decorrente de um governo balofo estão no DNA do país. Esta política somada à  proteção aos improdutivos, paga com o suor dos produtivos, é o caminho da redução da RPC. A tendência, em se fazendo mais do mesmo, como é previsível,  é termos a reprodução do gráfico abaixo nos próximos dez anos.


O Brasil não escolheu ainda o caminho certo. Portanto, segundo Dewey, estamos mal.


São Paulo, 18 de outubro de 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob